quinta-feira, 19 de abril de 2007

BOCHA PARA HOMENS E MULHERES

Ao sair pelas ruas de Milão, no último verão, eis que encontrei homens e mulheres jogando bocha. Um aprazível lugar, cheio de sombra, reunia amigos de infância e vizinhos, homens e mulheres. A tarde é para jogos, fala-se de política, de Berlusconi, onde também os turistas entram na conversa enquanto o jogo vai se
desencadeando. A vida, mesmo aos 80 anos, é a mesma de sempre.

Em vez da tv, do chá falando da morte que pode estar próxima, dos netos deixados na casa da “vovó-creche”, pelo menos em Milão algumas pessoas idosas vão ao jogo de bocha, à Ópera, aos espetáculos. O celular toca, perguntando, está tudo bem? Fala-se dos netos, dos filhos, das viagens, claro, mas também de todos os outros assuntos. Ninguém daquelas pessoas falava somente em ir à igreja porque do contrário haveria o risco de ir para o inferno. Embora a cultura de massa exista em todos os países, ninguém em Milão seria capaz de destruir a
tradição da bocha.

Os imigrantes trouxeram ao sul do Brasil o jogo da bocha. Mas onde hoje se pode jogar bocha em Curitiba, em São Paulo? Em Camboriú, à beira da praia, há várias canchas. Mas muitas pessoas talvez se envergonhem de fazer algo antigo, como jogar cartas, bocha. A vida social em quase todas as cidades se tornou pobre, sem cultura, restando apenas o lixo cultural mostrado na televisão. A principal atração é o almoço de domingo, onde se come tanto que todos são ‘vítimas de um sono pesado’que consome as tardes preciosas.

Qual é o melhor lugar no Brasil para jogar bocha? Certamente debaixo de árvores frondosas, ou também à beira-mar, na praia, como em Camboriú. A bocha é uma ótima oportunidade para estreitar laços de amizade e camaradagem, de procurar ‘assessoria’ de pessoas qualificadas e sábias, com experiências diversas, para encontrar novos caminhos na vida. E muito mais do que isso. Nos curtos momentos em que ali estive, este raro prazer foi muito precioso.

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